Carlos Calvet

Artista plástico português, Carlos Calvet, nasceu em Lisboa, em 1928. Licenciou-se em Arquitectura na Escola de Belas Artes do Porto, tendo enveredado pela pintura e fotografia. Dedicou se desde muito cedo à pintura podendo registar-se o ano de 1946 como o início de uma expressão lentamente desenvolvida salvaguardando um sentido de arte como modo pessoal de meditação. Além da pintura fotografia e da arquitectura, Calvet interessou se também pelo cinema, tendo realizado algumas curtas metragens, uma das quais com a participação do poeta Mário Cesariny. Expôs pela primeira vez em 1947, na 2.a Exposição Geral de Artes Plásticas na Sociedade Nacional de Belas Artes, obras que começavam a revelar um sentido de modernidade, marcado pelo cubismo estético de Braque e valorizando o estatismo dos objectos representados: copos, garrafas e, sobretudo, barcos. Em 1948 começam a surgir alegorias do tempo, através da representação de relógios. Entre 1948 e 1950 faz a sua primeira viagem a Paris. A partir de então, consciente da sua vocação como pintor, Calvet passa a estar mais atento à construção, ao jogo de volumes e à ambiguidade entre o simbolismo e a imagem natural. Nestas ambiguidades revela se a tendência para tudo petrificar. Em algumas paisagens aparecem ondas do mar e nuvens representadas como se fossem sólidos geométricos. Depois de um período abstracto lírico (1963 1964), Calvet confronta as formas espontâneas com as geométricas (1964 1965). Com a redefinição do espaço, voltou lhe a necessidade de figuração de objectos inventados no próprio acto de execução. Primeiro, manchas informes que adquiriam presença insólita de objectos inidentificáveis; depois, passaram a ser objectos banais, parafusos, botões, caixas de fósforos, ladeados de decorativismos de gosto pop. O ano de 1966 marca o início da síntese "pop metafísica" que caracteriza toda a sua obra posterior. Tanto na pintura como na fotografia o seu processo é, sempre experimental: do surrealismo ao abstraccionismo simbólico, deste ao conceptualismo da Pop-Art e sempre aquela curiosidade pelo oculto que foi uma das veredas do surrealismo português, num processo que desenvolve até hoje: a alteração cénica da atmosfera da composição.