exposições - "percursos na memória"

26 Março - 15 Abril 2010

Galerias: Oficinas de Formação e Animação Cultural de Aljustrel

Artistas: Rosa Reis

Rosa Reis é uma artista no sentido exacto da palavra, pela alegria que transmite aos outros, pela forma idealista como encara a fotografia, pela originalidade e perspicácia como capta os melhores ângulos de um rosto, o sentido de um gesto, de um movimento ou dos vários aspectos do quotidiano, transformando a realidade através de um modo de ver que é o seu. Com as imagens que nos oferece, podemos identificar o seu modo de estar e sentir, os seus motivos, a forma mágica como ela integra a realidade dos objectos, a presença num mundo continuado e poético que é a sua obra. Em Rosa Reis, ao longo da sua obra publicada, sentimos esse estímulo de registos e comparações do homem em habitats vários, reformulados e inseridos em contextos diversos, dando-nos por vezes a dimensão de escadas e situações em que o homem se ultrapassa a si mesmo; noutras séries de obras oferece-nos o inquietante e palpitante espectáculo do frenesi actuante, como se o som e o movimento parassem no tempo, para nos fazer chegar o sentir e o respirar daquele momento. Assim, é necessário chamar a atenção para o facto de a obra de Rosa Reis não ser a imagem em geral, mas sim o modo como aquela foi concebida e realizada através de um dispositivo técnico, elemento intermediário e interfactual entre Ela e o mundo. No entanto e apesar desta demarcação, é evidente que na sua condição real de imagem, depende ainda de outras relações. A mais problemática será sem dúvida do ponto de vista histórico e ontológico que a imagem assinala como uma ferramenta de representação realista que Rosa Reis na sua imensa qualidade delata, pela formulação interna que determina a sua forma específica de aprender a realidade, dá-nos essa mesma realidade como sua. É por esta qualidade enorme que Rosa Reis, comissariada pelo MAC, apresenta agora nas Oficinas de Formação e Animação Cultural de Aljustrel, esta exposição e nos oferece aquilo que tomou para si no tempo e no momento como corpo e alma das coisas ali representadas.